No trânsito, o sentido é a vida. Este é o tema escolhido para a 6ª edição do Movimento Maio Amarelo. A campanha, que é mundial, nasceu com a proposta de chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito. O amarelo é a cor escolhida, porque simboliza atenção na sinalização de advertência no trânsito.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por ano, os acidentes de trânsito, em todo o mundo, provocam a morte de 1,35 milhão de pessoas. A maior parte das vítimas tem entre 5 e 29 anos.
No Brasil, calcula-se que imprudência, imperícia e negligência dos motoristas sejam a causa de 47 mil óbitos anualmente, deixando entre 400 mil e 600 mil pessoas com alguma sequela.
Para o Observatório de Segurança Viária, cerca de 95% dos acidentes são causados por falha humana ou falha mecânica por falta de manutenção do veículo, o que também não deixa de ser um erro do dono ou condutor do carro.
Preparação dos profissionais que estão ao volante
Como maior empresa de logística do Brasil, os Correios investem no preparo dos seus empregados que têm como atividade dirigir os carros da empresa. São oferecidos dois treinamentos: Um deles é Condutor de Veículo, curso teórico de 16 horas, com quatro módulos (Direção Defensiva, Legislação de Trânsito, Primeiros Socorros e Meio Ambiente), que é obrigatório para todos os empregados que dirigem qualquer veículo dos Correios.
O outro curso é Pilotagem com Segurança, prático de 16 horas. O público-alvo são os empregados que trabalham como motociclistas. Por ano, em média, cerca de 500 empregados fazem o treinamento. “Os cursos são para iniciantes e também para os antigos, já que há a obrigatoriedade de fazer uma reciclagem, no mínimo, uma vez a cada três anos”, explica o instrutor da Coordenação da Universidade Correios em São Paulo, especializado em cursos voltados para o trânsito, Wagner Pestana.
Pestana explica que o conteúdo de todos os módulos do curso tem o objetivo de preparar o empregado para evitar os acidentes e também as multas. “Os aspectos de segurança são abordados no módulo direção defensiva, de forma exaustiva”, conclui.
“O importante é fazer o certo sempre”
Há 18 anos nos Correios, sendo cerca de oito na função de carteira motorizada, Gislaine Aparecida Alcântara, do Centro de Entrega de Encomendas Jaguaré, procura seguir à risca todas as normas de trânsito. Para ela, além de evitar acidentes, na eventualidade de acontecer qualquer problema, a disciplina ao dirigir também é a garantia de segurança. “Mesmo se ocorre um acidente, se você está certo, se você estava dentro das regras, não há argumentos contra a sua atuação.”
Mãe de três filhos e avó de uma menina de cinco anos, o trabalho de quase uma década como carteira motorizada confere à Gislaine muita experiência para orientar outras pessoas. Com os filhos, não é diferente. “Quando estou com algum dos meus filhos e são eles ao volante, como mãe e profissional, fico fazendo alertas a todo minuto. Eles não gostam muito, tanto que uma das minhas filhas sempre me diz: ‘obrigada, mãe, por dirigir por mim’, mas foi falando e dirigindo junto que já a livrei duas vezes de um acidente”, lembra Gislaine.
Para quem dirige em média 60 km por dia na zona Oeste de São Paulo, cidade que tem 8,6 milhões de veículos, o que dá em média 7,4 para cada 10 habitantes, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), para enfrentar essa frota imensa, a receita de Gislaine se resume a duas palavras: paciência e atenção. “Quando se fala em trânsito é isso. E você também precisa dirigir pelo outro, estar atento a tudo a todo momento”, orienta. “E sempre saia tendo folga no horário, a pressa não é boa companhia no trânsito”, conclui.
“O segredo é dirigir com amor para evitar multas e acidentes”
Carteiro motorizado desde 1990, Sérgio Ribeiro de Souza, do Centro de Transporte Operacional Jaguaré, orgulha-se de nunca ter levado uma multa nem ter provocado um acidente conduzindo um carro dos Correios. Com 33 anos de empresa, Sérgio, que tem habilitação da categoria D, só não dirige carreta.
“Nunca provoquei nenhum acidente e nem tive nenhuma multa. O segredo para conseguir isso é dirigir com amor. É preciso ter amor no que a gente faz. Eu trabalho levando encomendas do CTE (Centro de tratamento de encomendas) para o CEE (Centro de Entrega de Encomendas) Osasco e atendo também grandes clientes. Nesses quase 30 anos, dirigindo pelas ruas de São Paulo, é nítido o quanto aumentou o número de carros na cidade, mas as ruas continuam as mesmas. Antes, era possível fazer vários trajetos de entrega, ir para vários lugares, agora só um trajeto. O trânsito não se move. O celular ainda é um problema no trânsito. Como dirijo veículos altos, como caminhão e van, é possível ver que as pessoas andam com ele no colo, não falam, mas trocam mensagens. Quem está ao volante nunca pode esquecer que tem responsabilidade em preservar vidas. Prudência sempre.”
“No trânsito, precisamos pensar primeiro no que é bom para a coletividade”
Carteiro motorizado, Daniel Correia Lima, do Centro de Distribuição Domiciliária Campestre, está há quase 18 anos nos Correios, sendo 14 na função. Daniel dirige, em média, 40 km por dia pelas ruas de Santo André, município da Grande São Paulo.
“No trânsito, é preciso primeiro pensar no que é bom para a coletividade. As pessoas não podem pensar só no que vai trazer vantagem para si sem se importar se está errado, como furar um sinal porque está atrasado ou fazer uma conversão proibida para encurtar caminho. É uma questão de valores. A criança cresce vendo os pais dirigirem e mexendo no celular, vai achar natural fazer o mesmo. Percebo que com o advento do celular, o trânsito piorou muito. Existe um imediatismo muito grande. O celular não pode tocar ou dar sinal que chegou alguma mensagem que as pessoas atendem mesmo estando ao volante. As pessoas deixam de olhar para frente para atender celular. Não atentam para o que está em torno.”