Os Correios têm papel fundamental na educação de milhões de estudantes brasileiros. É por meio da logística da empresa que os livros didáticos chegam às mãos dos estudantes dos ensinos básico, fundamental e médio, matriculados em todas as escolas públicas do país.
Os números são de impressionar: cerca de 140 mil escolas públicas localizadas em 5570 municípios; mais de 150 milhões de livros didáticos para 30 milhões de estudantes; toda a estrutura nacional e a capilaridade dos Correios, movimentando em torno de 80 mil toneladas de livros, em 27 centros de logística integrada e em diversas unidades operacionais regionais, transportadas em aproximadamente 3600 viagens de carretas (considerando apenas da origem até os polos centralizadores estaduais). Esse é o raio-X da megaoperação de distribuição de livros didáticos no Brasil, que é considerada uma das maiores operações desse segmento do mundo.
Para que todos os livros cheguem às mãos dos alunos antes do início do ano letivo, os Correios iniciam a operação formatada especialmente para atender ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, e batizada por isso como Operação FNDE, bem antes de a carga chegar na empresa. Na solução customizada, os Correios participam de forma integrada até mesmo da sequência de impressão dos livros pelas editoras, da montagem e da identificação dos pacotes. As encomendas são simuladas virtualmente, são os chamados unitizadores virtuais, e as informações repassadas às editoras. Os Correios, que montam uma estrutura totalmente dedicada a essa operação, começam a coletar os livros nas gráficas, que já estão com a organização solicitada para otimizar a triagem, nos primeiros meses do segundo semestre, e a coleta segue em várias remessas até dezembro. Como a carga total gira em torno de 80 mil toneladas, a operação é muito bem planejada para dividir essa quantidade entre os meses de trabalho. O recebimento da carga em um único mês aumentaria o custo da operação, pois exigiria um espaço físico gigantesco para armazenamento ou um aumento significativo de recursos humanos e estruturais para dar vazão à carga. A distribuição dos livros para todos os Estados e suas respectivas escolas começa assim que os primeiros livros chegam à empresa e segue até o início de fevereiro, antes de começar o ano letivo.
A operação traz muitos desafios, mas todos eles são superados pelos Correios, que entregam os livros até mesmo nas escolas das localidades mais distantes e de difícil acesso.
Para que os estudantes de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, por exemplo, tenham seus livros didáticos em mãos, uma maratona acontece. O município fica a 852 km de Manaus e faz divisa com a Colômbia e a Venezuela. Para chegar lá, só de barco ou de avião. Os livros saem de São Paulo em carretas e percorrem 3082 km numa média de 5 dias de viagem até Porto Velho, em Rondônia. Da lá, as carretas embarcam em balsas e, durante seis dias, vão percorrer 1239 km pelo Rio Madeira até chegar a Manaus. Da capital amazonense, os livros destinados a São Gabriel da Cachoeira são alocados em barcos menores para percorrer mais 852 km, numa média de três dias. Ao todo, os livros viajam 14 dias e 5173 km até chegar ao destino final.
No Pará, os desafios também são grandes. Após percorrer o caminho de São Paulo até Belém, os livros podem seguir em uma viagem de três dias de balsa pelos Rios Pará e Amazonas ou 1352 km via rodovia Transamazônica até o município de Santarém, onde a carga é separada por escola e segue por mais seis horas de barco até Curuá. Mas o maior desafio não é a distância. Dependendo do período do ano, as chuvas transformam o leito do Rio Amazonas. Quando a maré está seca, o embarque e desembarque dos livros é feito por carregadores em meio à lama do rio.
“O grande diferencial é a participação sistêmica dos Correios em todos os pontos da cadeia logística, desde a produção das encomendas pela editora até a entrega final. Toda a estrutura montada e dedicada para a operação, a tecnologia empreendida e a capilaridade da empresa também são decisivos para o sucesso do trabalho”, avalia José Carlos de Oliveira, Coordenador Nacional da Operação FNDE pelos Correios. Para a Coordenadora-Geral do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Nádja Rodrigues, o trabalho de ponta a ponta dos Correios é o principal responsável pelo sucesso da operação. “A Operação FNDE tem um alto grau de profissionalismo e personalização dos Correios para atender ao Programa Nacional do Livro Didático. Nas escolas públicas, cada professor pode escolher os livros com que quer trabalhar dentro do catálogo disponibilizado pelo PNLD, então o trabalho da empresa envolve entregas personalizadas em mais de 140 mil escolas no Brasil inteiro, num curto período. Mais do que um contrato comercial, vemos que a postura dos profissionais da estatal é atender ao estudante, acompanhando de perto as entregas e resolvendo possíveis problemas, sempre priorizando a chegada efetiva do material bem preservado nas escolas. Nós sentimos que os profissionais dos Correios não são apenas prestadores de serviço, ele se sentem parte efetivamente do PNLD”, relata.