Brasília, 20/10/2023 – A Exposição “Do Atlântico para cá” chega, a partir de hoje (20), no Museu Correios (DF), e segue até o dia 5 de dezembro. A mostra, produzida pelo artista Jozildo Dias Paredes, traz pinturas que se inserem no contexto da arte contemporânea brasileira, tendo como objeto a pintura no espaço bidimensional. O título trás como referência o trabalho do artista a partir do que ele traduz como memórias doloridas e angustiantes dos homens negros africanos, traficados para serem escravizados no Brasil.

A exposição pretende, por meio das 15 obras de artes, apresentar transubstanciações de dores, tristezas, angustias vivenciadas por aqueles homens, no trajeto do oceano atlântico para o Brasil, porém o objetivo é de que a beleza que impregna as obras de arte apresente a ideia de superação, de seguir em frente e, de perdão ao escravizador, como meio de prosseguir, deixando dores, tristezas e tragédias num passado de dores inesquecíveis. Entretanto, se antes era um dolorido buraco escuro e negro, agora, por meio da beleza e força das pinturas, esplende sóis de novos horizontes a serem percorridos.

As imagens apresentam belezas matéricas muito interessantes, como se houvessem na superfície das telas justaposições de grossos troncos de árvores com suas cascas e crostas centenárias, espessas e grossas encontradas pelo olhar do artista, ao captar as ideias e pensamentos dos seres envolvidos nas mentações e, nas experiências sensoriais que sugeriram e pretextaram a ideia que o artista chama de “Do atlântico para Cá”.

O artista Jozildo Dias traz paisagens abstratas de colorações verdes, musgos, verdes profundos típicas de esverdeamentos noturnos e amanhecidos, numa espécie de olhares tateando caminhos dentro das matas vivas onde se mesclam noites e a força verdejante das florestas. As pinturas são a materialização das alegrias profícuas da beleza e dá esperanças que envolve a todos naquele sublime momento.

A ideia basilar é a reunião de seres desmaterializados, espirituais que ainda presos às terríveis memórias das experiências vivenciadas há 450 anos no porão de um navio de tráfico de negros para serem vendidos como escravos no Brasil. Ainda psiquicamente hipnotizados por aquela dantesca realidade, não obstante, dentre eles, alguns, cansados do sofrimento, lembram de seus deuses, suas entidades espirituais e, numa prece ao firmamento, são transportados à parte superior da embarcação em pleno amanhecer.

Artista e obras– O artista Jozildo Dias Paredes possui obras nos seguintes acervos: Coleção Gotiifried Stuetzer; Coleção Charles Cosac; Prefeitura da Cidade de São Paulo; Museu de Arte Negra da Bahia; Coleção Emanoel Araújo; Acervo MUSEU AFRO BRASIL; Acervo UFRN;  e Acervo FUNESC.

Jozildo Dias Paredes nasceu em João Pessoa(PB) em 1963, vive e trabalha em Brasília. Artista plástico. Frequentou o atelier do NAC/UFPB (1985-1987). Integra o grupo Jaguaribe Carne de Estudos (João Pessoa, 1974). Trabalhou como colaborador no suplemento infantil O Pirralho (jornal A União, 1977-1980). Dentre as exposições individuais destacam-se: Dias Paredes (Embaixada da França, Brasilia, 2009); Paisagens biografadas (Embaixada Cultural dos Estados Unidos, Casa Thomas Jefferson, Brasilia, 2008); Pinturas recentes (Instituto Marcântonio Vilaça- Brasilia, 2006); Sob o signo de Saturno, pinturas (Casa de Angola- Salvador-BA/Casarão 34 – João Pessoa-PB, 2003); Docinho de coco (Biblioteca Central/UFPB, 1984); O vingador sanguinário (Galeria José Américo de Almeida, Theatro Santa Roza, 1987); Cuidado, meu bem: jacaré parado vira bolsa (CEF João Pessoa, 1988). Participou de exposições coletivas como o I Salão Comuníssimo de Artes Drásticas e Cínicas [10 anos do Jaguaribe Carne] (Galeria José Américo de Almeida, 1984); Novos artistas paraibanos (Oficina Guaianases, Olinda, 1986); Pintores na década de 80 (Galeria José Américo de Almeida, 1987); I Arte atual paraibana (Funesc, 1988); IV SAMAP – Prêmio (João Pessoa, 1990); II Arte atual paraibana (Funesc, 1990); II Paixão de Cristo em Art-Door [obra vetada] (João Pessoa, 1990); Negras memórias, memórias de negros (Museu Oscar Niemayer MON- Curitiba, 2006). Em 1989 foi premiado como artista paraibano do ano, pelo Salão Municipal de Artes Plásticas, João Pessoa/PB.

Serviço

“Do Atlântico para cá”, de Jozildo Dias Paredes

De 20 de outubro à 5 de dezembro de 2023

Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h

Endereço: Setor Comercial Sul Q. 4 Edifício Apollo SCS – Asa Sul, Brasília – DF