O portal de entrada da cidade de São Bento, no alto sertão paraibano, já deixa claro qual é o negócio local: suspensa em vigas de concreto, uma rede de dormir de 8 metros de comprimento avança até a metade da rodovia, saudando os visitantes. Para que não reste dúvida, a frase “a capital mundial das redes” foi pintada logo abaixo.
Não é um título oficial, mas, com 12 milhões de redes produzidas e comercializadas por ano, a cidade é certamente uma das maiores produtoras de redes do Brasil. Junto à produção de mantas, produtos têxteis e insumos de rede, a indústria é responsável por 80% da mão de obra disponível da cidade, contribuindo para que o índice de desemprego local seja próximo de 0%.
A relação de São Bento com as redes começou antes mesmo da emancipação da cidade, em 1959. As famílias estabelecidas na região já trabalhavam com fabricação de redes em teares manuais, e vendiam a produção como ambulantes. A profissão foi passada de geração em geração, e, com o surgimento da Internet e das vendas on-line, o comércio cresceu.
“Eu sou filho de redeiro. Meu pai, Seu Geraldo, foi redeiro durante muitos anos, viajou o Brasil inteiro, até o Paraguai, vendendo redes de forma ambulante, colocava uma rede no ombro e vendia de casa em casa, vendia nas praias”, conta Francisco Nadjan Vieira, dono de uma das maiores empresas de redes de São Bento. Seu Geraldo, porém, não queria que o filho virasse vendedor ambulante, pelos perigos da profissão. O e-commerce foi a solução. “Abri um site, era a oportunidade que eu tinha de ser igual a meu pai, só que em casa, de frente para o computador”, explica o empresário.
O surgimento das vendas on-line permitiu a entrada de Nadjan no mercado e representou um crescimento exponencial dos negócios de rede na cidade de São Bento. Ao invés de vender de porta em porta, os comerciantes ganharam, instantaneamente, alcance mundial de seus produtos. “Inicialmente, recebíamos um pedido por semana. Hoje, são 200 pedidos”, compara.
A cidade de São Bento, porém, não tem terminal rodoviário, muito menos aeroporto. Como escoar uma produção de 12 milhões de redes? É justamente nesse ponto que os Correios entram, oferecendo soluções para o e-commerce e entregas em todo o território nacional. “Se não fossem os Correios, a gente não tinha como trabalhar com vendas on-line. Os Correios são a única empresa que entrega em todo o Brasil”, afirma Gilberto dos Santos Vieira, também empresário do ramo de redes em São Bento.
Para Nadjan Vieira, os Correios ajudaram seu negócio a crescer. “Passamos a postar nossas encomendas direto no contrato [com os Correios], com um preço diferenciado e um serviço de entrega aprimorado, sem falar no prazo que temos de até 30 dias para efetuar o pagamento, ajudando no nosso fluxo de caixa, o que proporcionou nosso crescimento”, conta.
A importância dos Correios na economia da cidade é sentida também na agência de São Bento, que só perde em volume de postagens para as duas maiores cidades da Paraíba: João Pessoa e Campina Grande. Leidson Dantas, gerente da agência, não só trabalha nos Correios como nasceu, cresceu e vive na cidade. “A gente tem um papel fundamental de fomentar a economia local por ser o principal operador logístico no transporte dos artigos de rede e artigos têxteis”, diz. “É motivo de honra e satisfação saber que somos fundamentais no desenvolvimento financeiro de São Bento”, completa.
Redes na Paraíba, bonés no Rio Grande do Norte
O dia amanhece em Serra Negra do Norte com o barulho das máquinas de costura que movimentam a economia do pequeno município de aproximadamente 8 mil habitantes. Localizada na região do Seridó Ocidental, no interior do Rio Grande do Norte, a uma distância de 300 km da capital potiguar, a cidade de clima semiárido encontrou na indústria têxtil sua vocação. Atualmente, Serra Negra do Norte e os municípios vizinhos de Caicó e São José do Seridó integram o Arranjo Produtivo Local (APL) de Bonelaria do Seridó, considerado o segundo maior polo boneleiro do país, com cerca de dois mil empregos diretos gerados.
A região, cujas raízes remontam à figura do vaqueiro desbravando a caatinga com sua vestimenta de couro, conseguiu adaptar-se aos novos tempos do comércio eletrônico e gerar riquezas a partir da produção de bonés personalizados para festas, eventos e datas comemorativas. Os Correios, como principal parceiro do micro e pequeno empreendedor e única empresa de logística presente em todos os 5.570 municípios brasileiros, têm contribuído com a expansão da indústria boneleira.
“Inicialmente começamos a trabalhar com um pequeno grupo de jovens que sonhavam com sua independência em meio à crise. E o que era uma simples brincadeira de postagem dos bonés nas redes sociais passou a virar um negócio. Foi aí que vimos a necessidade de assessorar e orientar a respeito da comercialização pela internet (e-commerce)”, conta o gerente da agência de correio de Serra Negra do Norte, Alexsandro Florêncio Silva.
Além dos Correios, os microempreendedores contam com a consultoria do Sebrae para a formalização e profissionalização da atividade. Os empresários da região têm investido cada vez mais em tecnologia e maquinaria para atender ao mercado crescente. “Estamos apoiando a indústria boneleira do RN com consultorias gerenciais e tecnológicas com o objetivo de melhorar a competitividade e o acesso ao mercado. Esse é um importante segmento para o fortalecimento da economia regional”, explica o gerente do Sebrae em Caicó, Pedro Medeiros.
Os Correios, por meio de sua capilaridade, garantem que os bonés comercializados pela internet cheguem a qualquer lugar do país e do mundo, com atributos como rastreabilidade, oferta de preços e prazos de entrega conforme a necessidade do cliente e disponibilização de serviços adicionais, como Aviso de Recebimento e Valor Declarado para as encomendas, o que garante mais segurança aos negócios.
“Quando conversamos com nossos clientes sobre o envio das mercadorias e informamos que serão entregues pelos Correios gera mais confiança”, afirmou o empresário do ramo boneleiro Joésio Araújo.
A agência de Serra Negra do Norte, que recebeu há cerca de três anos um grupo de aproximadamente 15 jovens interessados em comercializar com o restante do país, atualmente conta com uma clientela de mais de 180 empreendedores que vendem seus produtos pela internet e anseiam por novas oportunidades. Este mês, um deles fará sua primeira venda para o exterior, com encomendas de bonés para a Argentina, China e Portugal. Os irmãos Rômulo e Matheus Ferreira decidiram montar o próprio negócio há dois anos. Enquanto um cuida do design e layout das peças, o outro é responsável pela parte comercial. As vendas online têm como principais clientes pessoas físicas, com destaque para os eventos de formatura e festas. “Minhas encomendas são enviadas para todo o território brasileiro, capitais e cidades do interior pelos Correios. Até hoje meus clientes sempre receberam as encomendas, não importa a localidade”, disse Rômulo Ferreira.