Os Correios assinaram um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) em apoio à iniciativa Brasil Sem Misoginia, campanha lançada pelo Ministério das Mulheres, em Brasília, nesta quarta-feira (25). O evento contou com a presença de diversas autoridades, como a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a ministra da Cultura, Margarete Menezes, a deputada federal/RJ, Benedita da Silva, a ministra da Igualdade Racial no Brasil, Anielle Franco, a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, entre outras autoridades. Na ocasião, juntamente com outras empresas, entidades e organizações, o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, assegurou a participação da estatal em mais uma iniciativa do governo federal em prol dos direitos das mulheres.  

O conceito de misoginia remete ao um sentimento, um ato ou um comportamento de repulsa e ódio às mulheres, que, atualmente, se expressa e ocorre em toda diversidade de espaços relacionais e sociais. 

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, reforça que tal discriminação é algo inadmissível no âmbito da empresa e que estatal está à disposição dos entes governamentais no apoio ao enfrentamento dessas distorções sociais. “Além de signatários, os Correios, enquanto empresa pública, como assim chancelou o Presidente Lula, somos agentes de transformação social. Estamos em todos os cantos do País e apoiaremos na execução efetiva de políticas públicas que irão tornar a sociedade brasileira mais justa, igualitária e humana”, disse o gestor. 

Representantes de empresas, entidades e organizações participaram do ato em apoio ao Brasil sem Misoginia.
Foto: Amanda Madureira/Correios.  

Em agosto, os Correios participaram da Marcha das Margaridas, quando viabilizaram a escrita e o envio de cartas das trabalhadoras rurais presentes no evento ao Ministério das Mulheres. No último dia 19, a empresa aderiu ao Guia Lilás da Controladoria Geral da União (CGU), protocolo com orientações para prevenção e tratamento ao assédio moral e sexual e à discriminação no governo federal. Uma das primeiras decisões da atual direção da empresa foi a criação do Grupo de Trabalho Igualdade de Gênero e Raça, Respeito à Diversidade e Enfrentamento aos Assédios, que tem atuado na promoção da equidade corporativa e na implementação de políticas contra assédio e racismo. Também foi determinado pelo corpo diretivo o retorno da licença maternidade de seis meses às empregadas e do auxílio especial para dependentes com deficiência, benefícios que haviam sido extintos pela gestão anterior, e a prioridade na transferência para vítimas de violência doméstica.

Presente em todos os municípios do país, os Correios garantem a disseminação de informações de utilidade pública sobre a promoção dos direitos das mulheres, contribuindo com a diversidade e inclusão social no país. A empresa cumpre o importante papel de integração e de inclusão social, indispensável para o desenvolvimento nacional, por meio da maior infraestrutura logística do Brasil. 

Durante a vigência do acordo de cooperação, cerca de 87 mil empregadas da estatal e toda a parcela da população com acesso aos serviços dos Correios serão impactados com as campanhas de utilidade pública e outras ações de comunicação no âmbito do enfrentamento à violência de gênero e da importância da igualdade de direitos entre homens e mulheres em todos os setores da sociedade. 

União – De acordo com a ministra Cida Gonçalves, a campanha é uma oportunidade de estimular debates, reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens, a mobilizar a sociedade para as mudanças necessárias de comportamento dos grupos. “É uma alegria compartilhar esse momento de esperança, em que empresas, torcidas organizadas, movimentos sociais dos mais diversos, organizações religiosas, esportivas, culturais, juntos, se comprometem a promover ações de enfrentamento à misoginia cada qual em seu âmbito de atuação, com seu público, com sua linguagem e com a sua capacidade”, enfatizou a ministra.  

Diagnóstico – Segundo dados do Anuário de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os casos de feminicídios continuaram a crescer. Só em 2022, 1,4 mil mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de serem mulheres, maior número registrado desde 2015.  

No ambiente de trabalho, o maior número de pessoas desempregadas é formado por mulheres. Maioria entre chefes de família, elas representam 73% da parcela da população que recebe até 2 salários mínimos. O cenário reflete ainda a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mulher brasileira recebe, em média, 22% a menos do que ganha um homem. No caso de mulheres pretas ou pardas, que seguem na base da desigualdade de renda no Brasil, o cenário é ainda mais grave: elas recebem, em média, menos da metade dos salários dos homens brancos (46%), que ocupam o topo da escala de remuneração no país. 

Além da diferença salarial, o ambiente de trabalho também envolve questões relacionadas ao assédio. Ainda que em menor número no mercado de trabalho, as mulheres são maioria das vítimas de violência e assédio nas empresas. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão, 76% das entrevistadas já sofreram algum tipo de violência, assédio ou constrangimento no ambiente profissional. Entre os homens, 15% afirmaram ter passado por situações similares.