Valor Econômico

Depois de quase ser privatizada no governo passado, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), os Correios, conta com a versão repaginada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para dar visibilidade aos investimentos de modernização e ganho de eficiência operacional do seu plano estratégico. Ao Valor, o presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, informou que os R$ 854 milhões em investimentos incluídos no programa, com desembolsos programados para o período de 2023 a 2026, virão do próprio caixa da estatal.

No “Novo PAC”, os Correios planejam construir cinco novos centros operacionais, ao custo de R$ 380 milhões, em Brasília (DF), Fortaleza (CE), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Londrina (PR).

Também está prevista a instalação de novos sistemas de triagem automatizada em dez unidades já existentes, ao custo total de R$ 476 milhões. É a primeira vez que a estatal é incluída na carteira do PAC, diz Santos.

“Logo quando assumi, eu falei que a gente precisa modernizar os Correios, e isso não é um discurso vazio. A gente só consegue elevar a eficiência modernizando, trazendo novos equipamentos, melhorando nossos centros de distribuição”, explica o presidente.

O executivo acrescenta que o volume de investimentos planejados para ampliar a eficiência operacional e tornar a estatal mais competitiva é “bem maior” do que aqueles do “Novo PAC”.

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Agora, só constam os projetos “mais maduros”. Os demais poderão entrar depois, se juntando aos investimentos de outras estatais que somam R$ 342 bilhões.

Entre os novos projetos está o centro operacional no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), que deve desafogar outros centros de triagem que recepcionam produtos vindos do exterior.

Os cinco novos centros operacionais serão complexos construídos do zero. Atualmente, as cidades contam com unidades pequenas de triagem. A ideia é que as regiões recebam estruturas capazes de elevar a capacidade de processamento de produtos em até 160%. Este é o caso da unidade de Brasília, que terá a capacidade máxima de processamento elevada de 93,1 mil para 240 mil volumes por dia.

O critério de escolha dos locais considerou o atendimento das regiões do entorno. Por exemplo, o centro de Londrina dará vazão as cartas e encomendas do norte do Paraná e do noroeste do Estado de São Paulo. Brasília atenderá todo o entorno no Centro-Oeste.

Já a compra de maquinário busca acelerar o processo de triagem. Os Correios esperam que a capacidade diária de processamento de cartas e encomendas cresça de 47% a 310%, a depender do centro que será modernizado.

O presidente dos Correios espera que o plano estratégico eleve atual capacidade total de processamentos diários do patamar atual de 2,3 milhões de para 3,7 milhões. O número não considera os cinco novos centros.

“Na área privada, de entrega de encomendas, a empresa é altamente competitiva, e somos o maior ‘player’ do mercado. Mas sabemos que é um setor muito concorrido”, disse Santos, destacando que alcança índice de pontualidade em 98,3% das entregas.

Na encomendas, os Correios concorrem com empresas de logística que não são obrigadas a entregar cartas e correspondências em regiões remotas do país.

Além do avanço de empresas de logística, os Correios tiveram que lidar com a estratégia de grandes clientes, como Mercado Livre, Magazine Luiza e Amazon, de passarem investir na própria rede logística, especialmente nos grandes centros.

Santos avalia que os Correios podem competir com este modelo até certo ponto, pois considera que parte da eficiência e redução de custo está na precarização do trabalho de entregadores. Ele vê isso como parte do fenômeno da “uberização” trazida pelas plataformas digitais. “Esse é um limite que os Correios não querem passar”.