Os 180 anos do icônico selo Olho de boi foram comemorados em grande estilo na tarde do último sábado (5), no Museu do Homem do Nordeste, no Recife. Na ocasião, o lançamento da emissão comemorativa criada especialmente para celebrar o mais importante selo brasileiro.
A cerimônia fez parte da programação organizada pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), entidade do Ministério da Educação (MEC), para comemorar o aniversário do Olho de Boi, criado em 1843, marcando o Brasil como o segundo país no mundo a lançar um selo postal. O lançamento traz uma releitura do Olho de boi, em peça criada pelo artista Fábio Lopez, que usou a computação gráfica para adicionar (pós) modernidade aos três selos originais, de 30, 60 e 90 réis, com cores marcantes, porém, mantendo os arabescos característicos da obra homenageada.
Também houve a abertura de uma exposição filatélica, com selos originais, dentre os quais, exemplares do Olho de boi de 1843, inclusive um que foi usado no Recife em novembro daquele ano, entre outros documentos históricos, assim como a sobrecarta de 1840, postada na Inglaterra com um selo Penny Black – primeiro selo criado no mundo – além de uma sobrecarta pré-filatélica brasileira de janeiro de 1843, anterior ao lançamento do Olho de boi.
A programação contou ainda com uma feira de multicolecionismo, com venda e troca de selos postais, vinis, moedas, dentre outros itens, e uma exposição de carros antigos em parceria com o Clube do Fusca de Pernambuco.
A coordenadora regional de Negócios e Operações da superintendência Estadual dos Correios em Pernambuco, Márcia Lima, conduziu as obliterações, que tiveram as participações do diretor de Pesquisas Sociais da Fundação, Wilson Fusco; do museólogo Henrique Cruz, que trabalha no Museu do Homem do Nordeste, é filatelista e organizou a exposição dos selos, além de outros convidados, como o jovem filatelista Fernando Lucena Neto, de apenas 12 anos, que participou da tarde festiva.
Sobre o Olho de boi – A emissão representou um marco no sistema postal brasileiro. Antes do selo, as postagens eram pagas pelo destinatário da carta, no momento do recebimento. A partir de 1843, o pagamento passou a ser feito pelo remetente, desembaraçando o processo de distribuição das correspondências.
Profundo conhecedor da história dos selos, Henrique Cruz explica que fruto da reforma postal idealizada por Rowland Hill (professor e reformista britânico idealizador do selo postal), a Inglaterra foi o primeiro país a emitir selos postais, com os famosos Penny Black e Penny Blue, lançados em 6 e 8 de maio de 1840, nos valores de 1 penny e 2 pennies, respectivamente. O Brasil tornou-se o segundo país no mundo a ter lançado selos postais para uso nacional e internacional, em 1º de agosto de 1843, nos valores de 30, 60 e 90 réis, cujo desenho era semelhante aos olhos bovinos. “Esses selos ficaram popularmente conhecidos como Olho de boi. A publicação mais antiga usando a denominação Olho de boi foram artigos publicados na revista filatélica belga Le Timbre-Poste, em março de 1867”, observa o museólogo. De acordo com ele, os primeiros colecionadores de selos postais (anos depois denominados filatelistas) surgiram logo após o lançamento do Penny Black em 1840. “E se interessaram logo em ter nas coleções exemplares do Olho de boi. Até hoje há um grande interesse de filatelistas do mundo todo em terem os selos em suas coleções”, explica Henrique.
Foram impressos cerca de dois milhões de exemplares do Olho de boi pela Casa da Moeda do Brasil. Atualmente, há algo em torno de seis mil selos desta emissão em todo o mercado filatélico, segundo o comerciante filatélico brasileiro Peter Meyer. O mais comum é o de 60 réis (primeiro porte terrestre). Os selos de 30 e 90 réis são bem mais escassos. Na exposição que está em cartaz no Museu do Homem do Nordeste até setembro, constam três exemplares originais de Olhos de Boi de 30, 60 e 90 réis.
O Olho de boi já figurou em inúmeros selos e blocos comemorativos. Para o seu aniversário de 100 anos, em 1943, o primeiro selo postal brasileiro ganhou um bloco com as imagens do Imperador D. Pedro II e do Presidente Getúlio Vargas. Já os seus 150 anos foram marcados por uma estampa com personagens da Turma da Mônica, em 1993. A comemoração dos 170 anos começou dois anos antes, com o lançamento do selo de 30 réis em bronze, em 2011, do selo de 60 réis em prata, em 2012, e, finalmente, do selo de 90 réis em ouro, em 2013. Muitas outras homenagens ao Olho de boi foram feitas ao longo dos anos.
Os selos comemorativos de 180 anos têm valores distintos. A emissão de 30 réis custa o valor de 1º Porte da Carta (R$ 2,45); a de 60 réis, 2º Porte da Carta (R$ 3,40); e a de 90 réis, 3º Porte da Carta (R$ 4,75). Cada selo tem tiragem de 72 mil exemplares, totalizando 216 mil unidades à venda. Para adquirir a emissão comemorativa pelos 180 anos do selo Olho de boi, ou qualquer outro selo em comercialização, acesse a loja virtual Correios Shopping.