Comprar pela internet caiu de vez no gosto dos brasileiros e estar no mercado digital se tornou uma obrigação para a maioria das empresas. Na contramão da economia do país, o e-commerce cresceu 12% no Brasil em 2018 e deve crescer 19% neste ano, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
No entanto, na hora de transportar e entregar os pedidos, limitações logísticas aparecem. Infraestrutura deficiente em muitas regiões e falta segurança em zonas urbanas estão entre os principais desafios que intimidam muitos operadores. Porém, ao contrário das outras empresas do ramo, os Correios estão presentes em todas as regiões do país e dispõe de um leque de soluções específicas para e-commerce.
A empresa desenvolveu expertise para dar apoio a pequenos empreendedores e aos recém-chegados no comércio eletrônico. Os Correios oferecem soluções comerciais e logísticas diferenciadas não só para transporte, mas também para armazenagem, preparação de pedidos, distribuição, atendimento e logística reversa.
Os serviços da estatal são necessários, ou mesmo imprescindíveis, no chamado segmento FMCG (fast-moving consumer goods, ou bens de consumo rápido), o que mais cresce na internet. A empresa oferece padrões de peso, volume e dimensões ideias para o envio expresso. Além de itens de perfumaria e cosméticos, enquadram-se nessa lista produtos como fraldas, remédios e até itens de pet care.
É o que comprova o empresário Juliano Pinheiro, da J. Pinheiro Importação e Distribuição. Caso tivesse optado por um operador logístico sem a capilaridade dos Correios, dificilmente os produtos da sua indústria cervejeira alcançaria novos clientes.
“Com os Correios, tivemos um aumento grande do volume de vendas. Ganhamos visibilidade para atender o Brasil inteiro”, destaca o empreendedor.
Potencial
A migração para o digital é uma tendência em todo o mundo. Resultado, principalmente, da combinação entre internet mais rápida e o desejo do consumidor de ter mais comodidade para fazer suas compras. Nas lojas virtuais, não há limitações como necessidade de deslocamento, vagas de estacionamento e horário para fechar.
Cerca de 58 milhões de brasileiros fizeram alguma compra online no ano passado; 10 milhões pela primeira vez. O relatório Webshoppers, da Ebit Nielsen, aponta um fenômeno interessante: o cliente costuma iniciar uma compra experimentando o produto em uma loja física, depois pesquisa sobre ele no smartphone e finalmente conclui a compra, mais tarde, no computador de casa.
Considerando que, na maioria dos estados, as compras online ainda se concentram nas capitais, há grande potencial de crescimento em nível nacional para as cidades do interior, onde os Correios, ao contrário de outras transportadoras, também estão.
Em 2018, o número de negócios em e-commerce cresceu 20% na região Sul; 22% na região Norte; e impressionantes 27% no Nordeste. O Sudeste, que concentra o maior volume nacional de e-commerce, com quase 58% do total, justamente por ser a mais consolidada no setor, foi uma das que menos cresceu, com 6% no ano passado (à frente apenas do Centro-Oeste, com 5%).
No Nordeste, apesar da alta densidade populacional, a participação do comércio eletrônico ainda é tímida: só tem 13,2% do total de negócios (menos da metade do estado de São Paulo). Ou seja, o potencial da região para crescer nesse setor é muito grande.
Crescimento e geração de renda
Chama atenção outro dado do relatório Webshoppers, da Ebit Nielsen: o e-commerce é visto como oportunidade para empreendedores que precisam ou querem uma fonte de renda complementar. Ou seja, mesmo quem trabalha em outras atividades enxerga boas possibilidades no mercado online.
Empresas, lojas de atacado e varejo e operadores de logística devem, portanto, estar preparados para aspectos como pós-venda e logística reversa. Nesse sentido, os Correios podem cada vez mais se aliar a esses empreendedores do mercado digital e contribuir concretamente não apenas para o sucesso de seus clientes, mas também para o crescimento econômico do Brasil.
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