Ação reuniu profissionais de todas as regiões do país e reafirma compromisso da estatal com combate ao racismo
Brasília, 11/11/2025 – Combater o racismo e toda forma de discriminação de modo concreto é um compromisso assumido pelos Correios com seriedade e propósito. Dando mais um passo nesse sentido, a estatal formou 39 empregadas e empregados de todas as Superintendências Estaduais e do Correios Sede no curso antirracista “Certificado em Estudos Afro-Latino-Americanos”, promovido pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A cerimônia de encerramento foi realizada em 30 de outubro, no Espaço Arena do Banco do Brasil, em Brasília/DF, com transmissão simultânea pela plataforma Microsoft Teams.
Participaram da solenidade representantes de sete estatais e de órgãos da administração pública que integraram a turma, além do Ministério da Igualdade Racial (MIR) e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI-PR), entidades que patrocinaram a iniciativa. Ao todo, foram capacitadas 203 pessoas.
Diretamente envolvida na articulação que viabilizou a formação, a gerente de Projetos e coordenadora do Comitê de Combate às Desigualdades do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da SRI (o Conselhão), Roseli Alves, comemorou a conclusão do curso. “Essa cooperação internacional reforça o compromisso do Estado brasileiro com a valorização da diversidade, o combate ao racismo estrutural e o fomento de oportunidades equitativas para toda a população”, disse.

O curso ALARI, de Harvard, representa um marco na formação de lideranças comprometidas com a promoção da igualdade racial e a reparação histórica no Brasil. Em parceria com a SRI, o Conselhão, o Banco do Brasil, o Ministério da Igualdade Racial e mais seis estatais, a iniciativa já capacitou quase 400 servidores públicos brasileiros, fortalecendo uma rede de gestores e gestoras engajados na construção de políticas públicas mais justas e inclusivas
Para a assessora especial da Presidência, Vilma Reis, que representou os Correios na solenidade, “o curso é decisivo, pois coloca em pauta as políticas de ações afirmativas e todas as medidas reparatórias, formando servidores e servidoras públicas da administração direta e das empresas públicas estatais para, com intencionalidade, elaborar políticas capazes de promover a igualdade racial no país”, disse.
Sobre o curso
O curso Certificado em Estudos Afro-Latino-Americanos foi criado e lançado em 2019 pelo Instituto de pesquisas Afro-Latino-Americanas (Afro-Latin American Research Institute – ALARI, no original em inglês), da universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Desde então, é oferecido anualmente pela instituição, em turmas que têm duração de seis meses. O objetivo do curso é estudar as questões que afetam as pessoas negras na América Latina, além de compartilhar os conhecimentos produzidos no ALARI e consolidar um campo de estudos sobre o tema, como explica o coordenador acadêmico do Instituto, Guilherme Dantas Nogueira.
Desde 2023, além da modalidade geral, aberta a pessoas do mundo inteiro, o curso oferece turmas especiais para o Estado brasileiro, fruto de uma parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (SRI-PR) e o Banco do Brasil. Esta foi a segunda turma da modalidade especial, e a primeira com a participação dos Correios.
A segunda turma contou com a participação de 243 funcionárias e funcionários de estatais e de órgãos da Administração Pública. Dessas, 203 pessoas concluíram o curso. Além dos Correios, participaram o Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Brasil (BB), a Petrobras, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), o Ministério da Fazenda, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União, a Polícia Federal, o Ministério das Mulheres, o Ministério da Saúde, a Advocacia-Geral da União e o Ministério da Gestão e da Inovação.
Combatendo o racismo de dentro para fora
Investir no letramento racial das pessoas que fazem o Estado é um fator determinante para a construção de uma sociedade mais justa, de acordo com o coordenador do curso, Guilherme Dantas, que é doutor e pós-doutor em sociologia. “A América Latina é construída sob sangue escravizado negro e indígena, a partir da colonização. Essa estrutura social tem em sua formação racismo, patriarcado e classismo. O Estado nasce racista”, diz.
Como o racismo está enraizado na formação do Estado, só pode ser superado por meio da atuação de pessoas antirracistas dentro dele, nas decisões e na implementação de políticas públicas, de dentro pra fora. Não basta, por exemplo, criar uma medida para diminuir as desigualdades se a sua implementação esbarra em burocracias que não são construídas de forma antirracista.
O sociólogo afirma que não basta ter um governo antirracista se o Estado não tiver pessoas que entendam como o racismo funciona. “Pessoas que saibam que, por exemplo, não basta ter cotas para entrada na universidade, que é preciso ter políticas para que as pessoas negras possam permanecer na universidade e se formar. E depois, para que elas arranjem emprego, para que não sejam demitidas, e depois, para que possam ascender na carreira”, explica.
Daí, portanto, a importância de formar funcionárias e funcionários públicos em questões raciais. “São essas pessoas que vão ser capazes de reformar o próprio Estado para que de fato seja um Estado antirracista”, ressalta Guilherme.
Correios no combate ao racismo
Desde 2023, os Correios vêm retomando as ações de combate ao racismo, promoção da diversidade e enfrentamento aos assédios. Essas ações foram estruturadas a partir da reformulação do Plano Estratégico e da elaboração da Política Corporativa para Equidade de Gênero e Raça, Respeito e Valorização da Diversidade e Enfrentamento aos Assédios, e contemplam a criação de grupos de diversidade em todas as Superintendências Estaduais, palestras, cursos, retomada de direitos trabalhistas e implementação de metas e indicadores de diversidade, de forma a assegurar a presença de pessoas negras e de mulheres em cargos de gestão e em ações de educação (bolsa de estudos para primeira graduação e a pós-graduação em Gestão de Negócios de Correios, por exemplo, que observaram a reserva de 40% de vagas para negros, indígenas e quilombolas em seus processos seletivos).
A formação das empregadas e empregados no curso de Harvard reforça, ainda, os pactos e programas nacionais aos quais os Correios aderiram, como o Pacto pela Diversidade, Equidade e Inclusão da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), e a campanha Brasil sem Misoginia, do Ministério das Mulheres. São ações que ratificam o compromisso dos Correios com a redução das desigualdades estruturais e a promoção dos direitos humanos, alinhando-se às diretrizes governamentais e à Constituição Federal.
Todas as empregadas e empregados concluintes apresentaram ao Instituto propostas de projetos antirracistas, com potencial para implantação nos Correios e em outras estatais. Para Guilherme Dantas, o maior produto do curso, no entanto, é a formação de pessoas.
“O curso traz como grande resultado essa formação humana, esse desenvolvimento humano. Então, independente do que venha a ser implementado das propostas construídas, a gente tem pessoas formadas que estão trabalhando dentro do Estado e que tiveram sucesso no curso”, destaca Guilherme.
Mais informações sobre o ALARI e o curso Certificado em Estudos Afro-Latino-Americanos podem ser obtidos na página da Instituição.