Empresa enfrenta queda nas receitas, aumento de gastos com precatórios e desafios regulatórios, mas reforça plano de reequilíbrio para garantir sustentabilidade e relevância social

Brasília, 5/9/2025 – Os Correios apresentaram, em 2 de setembro, as Demonstrações Contábeis referentes ao 2º trimestre de 2025. O balanço aponta um cenário desafiador, marcado por queda nas receitas, crescimento das despesas operacionais e aumento dos passivos judiciais, fatores que pressionaram significativamente o resultado financeiro da estatal no período.

As receitas totalizaram R$ 8,9 bilhões no primeiro semestre, representando uma redução de 9,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O segmento de encomendas respondeu por R$ 4,7 bilhões do total das receitas de vendas. Já o segmento internacional, fortemente afetado por mudanças regulatórias recentes, somou R$ 816 milhões, uma queda de 61,3% em relação ao primeiro semestre de 2024.

As despesas do período chegaram a R$ 13,4 bilhões, com destaque para pagamentos de precatórios, que registraram aumento de 512%. Por outro lado, itens como transporte, serviços de terceiros, aluguéis e utilidades tiveram redução, reflexo das ações de eficiência implementadas pela empresa. Além disso, com a execução do Plano de Demissão Voluntária (PDV) no primeiro semestre, projeta-se economia nas despesas de pessoal ainda em 2025. Atualmente, os Correios contam com mais de 82 mil empregados próprios e mais de 10 mil terceirizados, evidenciando sua responsabilidade social com garantias trabalhistas, vínculo empregatício e padrões de compliance. Entre 2023 e 2024, a empresa retomou o diálogo sindical e ajustou seu Acordo Coletivo, com o retorno de cláusulas retiradas na gestão anterior e que estavam sendo tratadas judicialmente.

O setor privado de logística no Brasil vem passando por uma transformação acelerada, impulsionada pelo crescimento do e-commerce, pela tecnologia e por modelos de entrega cada vez mais rápidos e agressivos. Para os Correios, a ausência de investimentos nos últimos anos aumentou a pressão sobre estruturas operacionais e administrativas mais rígidas e de custo elevado, reduzindo sua competitividade.

Apesar dos desafios financeiros e da concorrência acirrada, somados aos impactos regulatórios, os Correios permanecem como instituição estratégica para a sociedade, garantindo entregas em todos os municípios brasileiros e assegurando a integração territorial. A estatal também desempenha papel fundamental no apoio a programas sociais e na distribuição de produtos e serviços essenciais.

Com mais de 10.350 unidades de atendimento e 1.100 unidades de distribuição e tratamento, a presença física dos Correios, inclusive em regiões remotas de alto custo, representa um ativo estratégico para o País.

Para reforçar a sustentabilidade operacional, além de medidas imediatas para reduzir despesas, os Correios elaboraram um plano de reequilíbrio econômico-financeiro com foco em eficiência e em iniciativas estratégicas que modernizam e ressignificam o modelo de negócios da empresa. A reestruturação busca assegurar a confiança e o reconhecimento popular da estatal como instituição pública sólida e essencial para o desenvolvimento do Brasil.