Na semana em que é celebrado o Dia Nacional do Sistema Braille, os Correios trazem informações sobre atendimentos importantes que possibilitam a inclusão de pessoas com deficiência visual ao serviço postal.

Desde 1978 o cecograma, correspondência impressa em código braille, integra a lista de objetos e serviços postais do Correios, sendo que a sua postagem é gratuita. Nos últimos dois anos, os Correios realizaram a postagem de mais 121 mil cecogramas.

A Associação Brasiliense de Deficientes Visuais – ABDV é exemplo de entidade que conhece o serviço: já chegou a enviar por mês 400 correspondências em braille a associados. Segundo Justino Bastos, vice-presidente da ABDV, o cecograma é importante principalmente para que os associados tenham acesso aos conteúdos de interesse da entidade e de seus membros. “É uma forma de as pessoas receberem o material; apesar das facilidades das redes sociais, o meio físico ainda é muito importante”, comenta Justino.

Postal Braille

Para ampliar ainda mais o acesso de deficientes visuais que utilizam a linguagem e possibilitar uma comunicação direta com esse público, os Correios implantaram, em 2007, a Central Braille, que recebe textos em escrita comum (digitados ou manuscritos), converte para o código braille e providencia o envio ao destinatário. Por meio desse serviço, chamado de Postal Braille, já foram realizadas mais de 30 mil transcrições, em 12 anos de existência. O conteúdo das correspondências é protegido pelo sigilo profissional.

Fotos: Cristiano Belem/Correios

Com a iniciativa, ficou mais fácil para pessoas físicas, prestadores de serviços e instituições bancárias, dentre outros, enviarem mensagens a deficientes visuais e demais segmentos da sociedade que utilizam o braille para se comunicar.

Pessoas jurídicas, como órgãos públicos, identificam os cidadãos que têm interesse em receber correspondências em braille e fazem o envio dos documentos, por meio de arquivo digital, para a Central Braille realizar a transcrição.

Noeme Rocha é uma beneficiária desse serviço. Deficiente visual há 22 anos, ela é uma das fundadoras e também relações públicas da Biblioteca Braille Dorina Nowill, que fica em Taguatinga/DF. Além de utilizar cecogramas para enviar e receber correspondências na biblioteca, ela recebe contas de água e documentos oficiais do governo local transcritos em braille. “A gente pede aos órgãos para que eles mandem esses papéis em braile e assim temos acesso a valores de tarifas e detalhamento de fatura de cartão de crédito, por exemplo. Mas ainda são poucos órgãos que enviam documentos transcritos porque muitos não sabem que o cego consegue ler em braille”, conta Noeme.

Cerca de 50 instituições públicas e privadas utilizaram a Postal Braille dos Correios nos últimos dois anos para enviar correspondências transcritas para o braille a clientes e usuários.

Qualquer pessoa pode ir a uma agência própria para enviar um cecograma ou solicitar o serviço de transcrição braille. A postagem do cecograma é imediata. A transcrição da mensagem é realizada em até dois dias úteis, contados a partir do recebimento da correspondência ou arquivo na Central Braille, que fica em Belo Horizonte/MG.

Pela transcrição para braille, o cliente paga R$ 3,70. No momento, o serviço inverso, de transcrição do texto em braille para escrita comum, não está sendo oferecido pelos Correios.

Filatelia Braille

O dia 8 de abril foi escolhido para celebrar, no país, a criação do sistema Braille porque nessa data, em 1834, nasceu José Alvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil e que trouxe da França o sistema de leitura e escrita criado por Louis Braille há quase 200 anos. José Alvares é considerado o “Patrono da Educação de Cegos no Brasil”. Foi também no Brasil, em 1974, que ocorreu o lançamento do primeiro selo no mundo com legendas em braille. A peça filatélica pioneira trazia a legenda: “O homem cego é um cidadão participante”. Desde então, várias outros selos em alusão ao sistema braille foram lançados, como a emissão comemorativa em homenagem ao Bicentenário de Nascimento de Louis Braille, em 2009.