Produzir artesanato como forma de gerar renda e contribuir para o desenvolvimento sociocultural da comunidade. Esse foi o sonho que reuniu moradoras do bairro Jardim Bassoli, de Campinas, interior de São Paulo.  Com a ajuda do programa EcoPostal dos Correios, o grupo criou o projeto Reciclista, que pretende desenvolver produtos para ciclistas a partir do reaproveitamento de uniformes, capas de chuva, malas e malotes doados pelos Correios.

O projeto Reciclista pretende desenvolver produtos para ciclistas. Foto: Renata Mendes

Intitulado de Artes Bassoli, o grupo também teve o apoio da Escola de Transformação, do Instituto Elos, que atua na mobilização e capacitação de pessoas interessadas em desenvolver ações comunitárias.  Segundo a gestora do instituto, Thaís Polydoro, 13 modelos de produtos prototipados estão em fase de produção. A ideia é criar produtos com base na técnica de upcycling, que consiste na criação de novos itens a partir de objetos e materiais que seriam descartados.

Thaís esclarece que essa construção requer etapas específicas, que não aparecem em produtos feitos a partir de matérias primas virgens, como por exemplo: triagem, lavagem, criação a partir das formas existentes. “Criar produtos que aproveitem 100% das peças doadas e resultem em novos produtos úteis, duráveis, com bom design é foco principal da produção”, conclui.

Lindineide Silva, uma das integrantes do Artes Bassoli, tem certeza de que o sucesso do negócio está diretamente ligado ao envolvimento da comunidade.  “Por enquanto, o projeto é pequeno, mas queremos que isso vire um trabalho para ajudar a comunidade. Vamos aproveitar os ensinamentos que estamos recebendo e ensinar também. Inspirar as pessoas para que elas peguem gosto e também tenham o seu próprio trabalho e dinheiro”, explica.

O trabalho do grupo já inspirou outras ações sociais no bairro, como aulas de artesanato e doação de roupas e alimentos para moradores de rua, impactando mais de 200 pessoas.

Sororidade e acolhimento

No Rio Grande do Norte, das mãos habilidosas de um grupo de 40 mulheres, as peças doadas pelos Correios transformam-se em bolsas, almofadas e acessórios decorativos. Esses são os resultados do Projeto Moda, Vida e Arte, desenvolvido pela Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, de Natal, em parceria com os Correios, outro exemplo de atuação do EcoPostal.

O projeto consiste no reaproveitamento dos materiais doados pelos Correios para confecção de produtos artesanais pelas mães dos pacientes. Implantada desde 2015 na capital potiguar, a ação já destinou mais de duas mil peças à entidade sem fins lucrativos. Além de promover uma destinação ambientalmente adequada para o material, o EcoPostal gera renda para as famílias beneficiadas, garantindo que essas mulheres tenham um orçamento extra e encontrem na atividade uma terapia.

O projeto da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva conta com 40 artesãs. Foto: Halinna Dantas

Jane Silva, mãe de Cecília, que é paciente do instituto, diz que não acreditava ter habilidade para trabalhos manuais. Hoje, a artesã confecciona diversos produtos. “A partir das oficinas e com a ajuda de minhas colegas, eu aprendi de tudo um pouco. A parceria com os Correios e o material fornecido ajudam bastante o nosso projeto. As camisas, por exemplo, a gente usa para fazer fuxico. Com as calças, fazemos as ecobags”, relata.

A Casa Durval Paiva acolhe crianças com câncer e seus familiares. “Cerca de 80% das famílias assistidas vêm do interior do Rio Grande do Norte e encontram o apoio de que necessitam na instituição”, explica o presidente da Casa, Rilder Campos.

“Enfrentar o câncer é muito difícil, doloroso, desestrutura uma família. Então buscamos acolher as crianças e suas mães e, ao mesmo tempo, proporcionar uma perspectiva de vida diferente. Por isso é tão importante o apoio de parceiros como os Correios”, comenta.

Tamanho família

Em Bonito, no Mato Grosso do Sul, o EcoPostal tem beneficiado cerca de 50 crianças e adolescentes entre seis e 17 anos, incluídos no Programa Família Legal.  Mães e mulheres da comunidade participam de cursos de capacitação e geração de renda e reaproveitam os materiais oferecidos pelos Correios, transformando-os em bolsas, mochilas e colares, impactando, direta e indiretamente, cerca de 300 pessoas, com o envolvimento de comerciantes que revendem os produtos. 

Para a diretora do Instituto Família Legal, Margareth Maneta, o material doado pelos Correios é imprescindível para a manutenção do instituto.  Tatiana Mendes e Anderson Assunção, carteiros em Campo Grande, destacaram a relevância social da destinação adequada das peças que utilizam.

“Saber que nosso uniforme é usado para auxiliar na manutenção de projetos sociais é muito gratificante. Que bom que a empresa faz isso”, elogiou Tatiane. “Realmente, a iniciativa é muito bacana. É mais um valor social que a empresa carrega”, acrescentou Anderson.

Uma empresa sustentável

Consolidar os Correios como uma empresa socialmente responsável, economicamente viável e ambientalmente correta, fundamentada em conceitos adotados nacional e internacionalmente. Essa é base da Política de Sustentabilidade dos Correios, que integra as dimensões social, ambiental e econômica nos negócios e em toda a sua cadeia de valor da empresa. O EcoPostal é uma dos programas dessa política. Só em 2018, os Correis doaram 23,8 mil peças postais inservíveis, beneficiando mais de 3,5 mil pessoas.

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