Uma noite inesquecível para as artes cênicas cariocas. Assim foi o evento de reabertura do teatro do Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro, agora com novo nome: Teatro Correios Léa Garcia, em homenagem à grande atriz carioca (1933-2023). Fechado desde 2018, o espaço de 185 lugares voltou a funcionar totalmente equipado e climatizado, por meio da parceria entre os Correios e a prefeitura do Rio de Janeiro. A cessão do imóvel pelos Correios faz parte do projeto de reestruturação da carteira de imóveis da estatal, iniciado pela atual gestão.

Segundo o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, imóveis históricos como o do teatro, que haviam sido abandonados, agora serão destinados para o benefício das brasileiras e dos brasileiros. “Estamos cumprindo nossa missão como agentes do governo federal no fomento à cultura”, destaca o dirigente, lembrando que a estrutura foi sucateada no governo anterior com vistas à privatização. Nessa lógica privatista, investimentos em patrocínios culturais e esportivos haviam sido cortados. Nossa gestão está retomando essas ações, dentro de um projeto estratégico de inclusão, que é o papel de uma empresa pública, como os Correios”, afirma.

A solenidade de reabertura do teatro contou com a participação da presidenta em exercício e diretora Econômico-Financeiro, de Tecnologia e Segurança da Informação dos Correios, Maria do Carmo Lara Perpétuo; da diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte; e do superintendente estadual do Rio de Janeiro, Paulo Cesar Penha da Silva Junior.  Em nome da prefeitura, esteve o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero. Ainda prestigiaram o evento o secretário geral da Fentect, Emerson Marinho, e o presidente do Sintect-RJ e diretor da Findect, Marcos Sant’aguida.

“Ao investir em nossos bens culturais, preservamos nosso patrimônio e lançamos bases para uma sociedade próspera e dinâmica. Com esse objetivo, comemoramos hoje esse novo capítulo que escrevemos juntos na história da cultura brasileira e dos Correios”, disse Maria do Carmo Lara Perpétuo em seu discurso. Ela também destacou a decisão fundamental do presidente Fabiano, tomada junto com a diretoria executiva, de tirar todos os prédios históricos da empresa no Brasil da lista de vendas. “Essa nossa inauguração de hoje é uma mostra disso”, exemplificou, sob aplausos do público presente.

“Esse momento importante que estamos vivendo hoje é a expressão da agenda de governança dos Correios, que nesse novo governo e nessa nova gestão retoma a liderança enquanto empresa pública e volta a investir nos centros culturais de todo o País. Por meio da parceria entre os Correios e a prefeitura do Rio de Janeiro, conseguimos reabrir o Teatro Correios, agora com o nome da Léa Garcia, trazendo toda a ancestralidade do povo negro e toda a expressão cultural que fazem parte da história do Brasil e que se confunde com a história dos Correios, celebrou a diretora Juliana Picoli Agatte.

Filhos da atriz Léa Garcia participaram da solenidade. Fotos: Marcelo Jorge Amaral Vieira

Reconhecimento – Os filhos de Léa Garcia, Marcelo Garcia e Bida Nascimento, receberam uma homenagem em agradecimento e celebração pelo grande legado deixado pela mãe. Atriz brasileira internacionalmente conhecida e com papel essencial para a inclusão dos negros e negras na arte brasileira, Léa Lucas Garcia de Aguiar (1933-2023) foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no longa “Orfeu Negro”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. Ela também fez história no teatro e na televisão. A atriz foi uma das precursoras da inclusão do povo negro nos palcos brasileiros, nos quais atuou já na década de 1950 como parte do coletivo Teatro Experimental do Negro.

Sessão para convidados – Para marcar a nova fase do espaço, a celebração foi encerrada com a peça ‘Macacos’ – relato de um homem-preto em busca de respostas para o racismo que rodeia seu cotidiano ao longo da História do Brasil. A produção estreou com sucesso de público e crítica, e permaneceu boa parte da temporada carioca no Teatro Ipanema, um dos equipamentos da Secretaria de Cultura incluídos no Cultura do Amanhã, um robusto programa de reforma, modernização e requalificação dos espaços culturais municipais.

Com texto, direção e atuação do vencedor do Prêmio Shell, Clayton Nascimento, a peça tem classificação indicativa de 12 anos e volta a cartaz em mais cinco sessões: dias 13, 20, 21, 27 e 28/01 (sábados às 19h e domingos às 18h). Os ingressos custam R$ 30 e estão à venda na plataforma https://riocultura.eleventickets.com/#!/home e na bilheteria física (aberta 60 minutos antes do espetáculo). O Teatro Correios Léa Garcia fica na Rua Visconde de Itaboraí 20, Centro/RJ. Mais informações: (21) 3088-3001.