Para quem reside em cidades de médio e grande porte é difícil imaginar que, no Brasil, centenas de municípios não têm agências bancárias, nem mesmo caixas de autoatendimento. Nessas localidades, fazer pagamentos e saques, por exemplo, não seria possível caso as agências dos Correios não funcionassem como correspondentes bancários e ofertassem serviços financeiros variados.
De acordo com levantamento do Banco Central feito em março deste ano, 2.230 cidades brasileiras não possuem agências bancárias. Em 376 delas não há sequer caixas eletrônicos. Atualmente, 2.500 agências de correio operam o chamado ‘Banco Postal’, como correspondentes do Banco do Brasil, e proporcionam acesso ao sistema bancário a milhares de cidadãos.
Muitas dessas agências dos Correios com Banco Postal estão localizadas em municípios pequenos, com menos de cinco mil habitantes. Sem elas, o comércio local seria fortemente impactado pela falta de moeda em circulação, e os moradores teriam que viajar até outras cidades para realizar transações básicas.
Em Santana do Matos, no Rio Grande do Norte, por exemplo, não há agências bancárias. Localizado a 196 km de Natal, no sertão nordestino, o município potiguar é o terceiro maior do Estado em área territorial e conta apenas com os Correios. “Nossa agência é de suma importância para toda a cidade. Aqui, apenas os Correios, através do Banco Postal, ofertam serviços bancários à população. Fazemos mais de quatro mil operações bancárias por mês”, destaca o gerente da agência, Denival Pedro de Moura.
Única opção – Também sem agências bancárias na cidade, a população de Várzea, na Paraíba, é usuária assídua do Banco Postal. O comerciante José Almeida Sobrinho, de 58 anos, vai à agência dos Correios todos os dias para realizar pagamentos, saques, depósitos e solicitar extratos. “Sem os Correios aqui seria muito difícil, principalmente para o comércio local”, afirma.
“Caso os moradores daqui precisassem se deslocar até outras cidades para ir ao banco, com certeza isso levaria parte do consumo para esses locais, o que enfraqueceria o nosso comércio”, complementa o funcionário público Flávio Rubens Medeiros de Figueirêdo, de 35 anos, que também é comerciante. Outro cliente fiel da agência de Várzea é Creusni Freire de Araújo, de 80 anos. É na unidade de atendimento dos Correios que ele recebe sua aposentadoria e paga diversas contas. “Seria muito ruim se os idosos precisassem se deslocar até outros municípios”, declara.
No centro-oeste brasileiro, fazendo fronteira com o Paraguai, Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, vive a mesma situação. O Banco Postal é a única alternativa para os 14 mil moradores da cidade, que fica a 420 km da capital, Campo Grande. O aposentado João Maria dos Santos, de 62 anos, recebe seu benefício nos Correios. “Esse Banco Postal aqui é muito importante para mim. O outro mais próximo fica em Amambai e é muito difícil para a gente ir até lá”, explica. “Esse banco é muito importante para nossa cidade”, concorda a professora Maria Aparecida Gularte, de 46 anos, ressaltando que Amambai fica a 45 km de Coronel Sapucaia.
Serviços disponíveis – Nas agências dos Correios que operam o Banco Postal, os clientes podem receber aposentadorias e pensões, contratar linhas de crédito e pagar contas de consumo (água, luz, telefone, entre outras), títulos de cobrança, taxas, tributos e contribuições da Previdência Social. Para correntistas do Banco do Brasil também é possível realizar consultas a saldo, extrato e depósitos. Mesmo as unidades sem Banco Postal oferecem serviços financeiros e de conveniência diversos, como aportes e saques para clientes com contas digitais, CPF, títulos de capitalização, Vale Postal (nacional e internacional), recebimentos de taxas do serviço militar e consultas de proteção ao crédito (Serasa). Também estão disponíveis em agências credenciadas consórcios, certificação digital, solicitação de indenização de seguro de trânsito (DPVAT) e recebimento de taxas de inscrição para concursos, eventos esportivos, entre outras.