Susanne Schirato propõe ao público uma travessia sensorial por ambientes inexplorados do planeta – e da mente humana
Rio de Janeiro – No subsolo do mundo, onde a luz se apaga e o silêncio ecoa, nasce “Expedição”, exposição da artista Susanne Schirato, que pode ser vista no Centro Cultural Correios RJ de 9 de julho a 30 de agosto. Guiada por sua vivência como mergulhadora em cavernas alagadas e expedições em regiões remotas como o Ártico e a Antártica, Schirato transforma experiências extremas na natureza em arte. A classificação é livre, a entrada é gratuita e a visitação pode ser feita de terça a sábado, das 12h às 19h.

O visitante percorre um circuito que evoca passagens estreitas, ambientes escuros e o branco inebriante das geleiras, onde a artista se confronta com o medo, o desconhecido e o sublime. “Expedição” é mais do que uma exposição – é um convite ao mergulho profundo nas entranhas da terra e da existência. Cada obra é um portal que espelha não só o mundo físico, mas dimensões invisíveis que sustentam a vida.
Com seleção cuidadosa do curador Felipe Barros de Brito, a mostra apresenta 14 obras que propõem ao público uma travessia sensorial por ambientes inexplorados do planeta – e da mente humana. Instalações, vídeos, pinturas, bordados, cerâmicas e objetos têxteis compõem o percurso expositivo, pensado como uma verdadeira jornada geológica e emocional.
O espaço é ocupado de forma orgânica – como a própria natureza –, com obras fixadas não apenas nas paredes, mas também suspensas do teto. Os suportes e técnicas são diversos: grafite sobre papel vegetal, bordado sobre tecido de algodão, crochê, óleo sobre tela, aquarela, cerâmica, entre outros, revelando a complexidade de um trabalho que transita entre ciência, corpo e espiritualidade.
“Me sinto profundamente honrada em ter minha exposição recebida no Rio de Janeiro. É uma cidade que respira arte e natureza, e essa conexão conversa diretamente com meu trabalho. Cada peça que apresento foi inspirada por experiências de expedições de mergulho, onde a beleza pura da natureza e sua fragilidade se tornam palpáveis. O objetivo dessa exposição não é apenas mostrar a estética das cavernas, mas também provocar reflexões sobre a conservação da natureza. Acredito que a arte tem um poder único de conectar as pessoas com a realidade que nos cerca, e eu espero que, ao explorar a exposição, os visitantes sintam a urgência de proteger nossos ecossistemas”, afirma Schirato. “Ter minha exposição solo no Centro Cultural Correios é uma imensa honra. Dialogar meu trabalho com a preservada arquitetura de 1922 enriquece a ideia de conservação que busco abraçar tanto pessoalmente quanto como cidadã. Preservar a história e a natureza é garantir um futuro sustentável para as próximas gerações. E utilizar a arte como linguagem torna esse processo ainda mais instigante e fascinante”, complementa a artista.
Sobre a artista
Susanne Schirato (São Paulo, 1978) é artista visual com formação em Artes Visuais pela Escola Panamericana de Arte e Design e pós-graduação em Práticas Artísticas Contemporâneas pela FAAP. Sua produção transita entre arte, ciência e exploração do corpo em relação ao território, sendo fortemente atravessada por sua vivência como mergulhadora e pesquisadora de ambientes extremos, como cavernas submersas, geleiras do Ártico e paisagens isoladas da Antártica e do interior do Brasil. Desenvolve um trabalho que investiga as tensões entre superfície e profundidade, luz e escuridão, visível e invisível, utilizando suportes como pintura, instalação, bordado, cerâmica, vídeo e objetos têxteis. Suas obras nascem de expedições reais, depois transmutadas em imagens e matérias que incorporam noções de risco, tempo, resistência e transformação. Realizou exposições individuais como Águas Profundas (2024, Canteiro, SP) e O Sublime Temporal da Hiperprodutividade (2019, Galeria Ponder 70, SP), ambas com forte repercussão crítica no circuito independente. Participou de diversas coletivas em instituições e espaços relevantes, como Piracema (2024, SP), 29º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (2023), Entre a Estrela e a Serpente (2022, Galeria Leme), Sol a Sol (2022, ArteFASAM), Curva Ponto (2022, MAC Sorocaba), Nuances – Mulheres em Camadas (2021, BNP Paribas Cultural) e 16º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Guarulhos (2020), onde recebeu Menção Honrosa. Além do trabalho de ateliê, desenvolve projetos de campo cruzando práticas artísticas com ciências naturais e estudos ambientais, refletindo sobre os limites da percepção, os ciclos da matéria e os modos de habitar o planeta em tempos de colapso ecológico.
Sobre o curador
Felipe Barros de Brito (Salvador, BA, 1991) é curador e pesquisador com atuação destacada no cenário das artes visuais contemporâneas no Brasil. É pós-graduado em Curadoria em Arte pelo SENAC-SP e técnico em Museologia pela ETEC-SP. Foi Pesquisador Residente da Coleção Ivani e Jorge Yunes (2019–2020) e atuou como documentalista em instituições como o Museu da Diversidade Sexual e o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas. Com experiência em mais de 30 exposições, colaborou com mostras como Movimento Armorial 50 Anos, Di Cavalcanti – 125 Anos, 50 Duetos, Magliani, Modernismo Expandido, entre outras. Como curador independente, assinou exposições em diversas regiões do país, como Vazios Incompletos, O Tempo no Verso do Avesso, Maré, Achego, Signos, Significados e Significantes e Chiaroscuro sob o sol.
Serviço
Expedição
Artista: Susanne Schirato
Curadoria: Felipe Barros
Centro Cultural Correios Rio de Janeiro
Abertura: quarta-feira, 9 de julho
Visitação: até o dia 30 de agosto; de terça a sábado, das 12h às 19h
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 3088-3001
Com acessibilidade
Como chegar: metrô (descer na estação Uruguaiana, saída em direção à Rua da Alfândega); ônibus (saltar em pontos próximos da Rua Primeiro de Março, da Praça XV ou Candelária); barcas (Terminal Praça XV); VLT (saltar na Av. Rio Branco/Uruguaiana ou Praça XV); trem (saltar na estação Central e pegar VLT até a AV. Rio Branco/Uruguaiana)
Instagram: @correioscultural