Mostra celebra o centenário do artista pernambucano que é uma das maiores referências na história do desenho e da ilustração no Brasil
Rio de Janeiro – A exposição ‘Darel – 100 anos de um artista contemporâneo’ chega ao CCCRJ no dia 9 de julho em caráter retrospectivo para celebrar o centenário de nascimento do artista pernambucano Darel Valença Lins. Reunindo cerca de 80 obras, produzidas em sete décadas de trabalho, a curadoria de Denise Mattar permite a leitura das diversas fases do artista, desde os primeiros trabalhos, ainda no Recife, na década de 1930, até os grandes óleos realizados em seu ateliê, no bairro carioca de São Conrado, incluindo um núcleo erótico que marcou uma transição nas temáticas retratadas por Darel. A classificação indicativa é de 14 anos, a entrada é gratuita e a visitação pode ser feita de terça a sábado, das 12h às 19h.
Um dos ilustradores mais importantes do Brasil e dono de uma produção vasta, que contempla técnicas como desenho, gravura, pintura, e ilustração, Darel começou a produzir ainda menino, com 13 anos, em 1937. Os primeiros desenhos traziam engrenagens para o engenho de açúcar da Usina Catende, em Pernambuco. Mais tarde, depois de passar pela Escola Nacional de Belas Artes do Recife e pelo Liceu de Artes e Ofícios, a produção de Darel tomaria rumos mais maduros e ele se tornaria um dos nomes de referência da ilustração no Brasil dos anos 1950 e 1960. De Recife, o artista se mudou para o Rio de Janeiro, onde morou até morrer, em 2017.
A excelência na ilustração e o domínio das técnicas de gravação, pintura e desenho fez de Darel artista e mestre. Além de dar aulas de litografia no Masp e na Escola Nacional de Belas Artes, trabalhou como ilustrador em jornais, revistas e editoras. Na imprensa, era possível encontrar o trabalho do artista em veículos como os jornais Última Hora e Jornal do Brasil e as revistas Senhor e O Cruzeiro. No Última Hora, ilustrou as crônicas de A vida como ela é, de Nelson Rodrigues. Ele também esteve à frente da coordenação técnica dos livros publicados pelos Cem Bibliófilos do Brasil, sociedade para a qual ilustrou Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, publicado em 1954, e Poranduba amazonense, de João Barbosa Rodrigues, publicado em 1961. Em Brasília, a convite de José Salles Neto, ilustrou A Polaquinha, de Dalton Trevisan, para a Confraria dos Bibliófilos.
Em 1957, Darel ganhou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, com a obra “Ciclista”, no Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro – um feito raríssimo para uma litografia. Com isso, ele partiu para dois anos de imersão na Europa. Morou em Madri, onde estudou no Instituto de Cultura Hispânica e mergulhou na obra de Goya. Depois, seguiu por Roma e Paris, visitando museus, ateliês e conhecendo artistas como Giorgio Morandi. O Ciclista é uma das obras em destaque na exposição DAREL – 100 anos de um artista contemporâneo, no Centro Cultural Correios RJ.
De volta ao Brasil, iniciou a série Cidades Inventadas, gravuras que, aos poucos, ganharam cor — e se tornaram algumas das mais conhecidas de sua vasta trajetória. Em 1963, ganhou o prêmio de melhor desenhista nacional na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. Hoje, é possível encontrar obras do artista no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA/NY), no Museu de História da Arte de Viena, no Museu de Arte Moderna de Roma e no Palais de Beaux-Arts de Bruxelas, além de museus brasileiros. O artista foi tema do documentário ‘Mais Do Que Eu Possa Me Reconhecer’, de Allan Ribeiro.
Serviço
Darel – 100 anos de um artista contemporâneo
Curadoria: Denise Mattar
Centro Cultural Correios Rio de Janeiro
Abertura: quarta-feira, 9 de julho
Visitação: até o dia 30 de agosto; de terça a sábado, das 12h às 19h
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Informações: (21) 3088-3001
Com acessibilidade
Como chegar: metrô (descer na estação Uruguaiana, saída em direção à Rua da Alfândega); ônibus (saltar em pontos próximos da Rua Primeiro de Março, da Praça XV ou Candelária); barcas (Terminal Praça XV); VLT (saltar na Av. Rio Branco/Uruguaiana ou Praça XV); trem (saltar na estação Central e pegar VLT até a AV. Rio Branco/Uruguaiana)
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